De acordo com um estudo do ISCTE (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa) "quatro em cada dez jovens homossexuais, bissexuais ou com dúvidas quanto à sua
orientação sexual são vítimas de bullying homofóbico nas escolas portuguesas",
revela a agência Lusa.
"A investigação, realizada no ano passado, baseou-se nas respostas de 210
estudantes que faziam parte da rede ex aequo, sendo que 30 por cento (%) eram
heterossexuais e os restantes 70% eram lésbicas, gays, bissexuais e
transsexuais.
Susana Carvalhosa, do ISCTE, apresentou hoje a principal conclusão do
trabalho: “Quarenta por cento dos jovens entre os 12 e os 20 anos que eram
homossexuais, bissexuais e que ainda não tinham bem definida a sua orientação
sexual disseram ter sido vítimas de bullying homofóbico”.
No Dia Internacional Contra a Homofobia e a Transfobia, que se celebra hoje,
um grupo de técnicos, investigadores, professores e alunos reuniram-se na Escola
Secundária Pedro Nunes para discutir o problema, que continua escondido.
Ao Gabinete de Segurança Escolar chegam muitos casos de bullying, mas nenhum
associado à homofobia, sublinhou o sub-intendente José Fernandes. “Nas outras
situações, as vítimas falam, mas nestes casos têm medo da reação das outras
pessoas”.
Durante o encontro, dois jovens que assistiam ao evento admitiram
publicamente ser vítimas de bullying homofóbico.
Maria Santos, 39 anos, foi vítima em casa, na escola e, mais tarde, no
trabalho: “Para não ser vítima isolei-me", contou emocionada, explicando que
para "além de as vítimas terem de enfrentar os outros, têm de se confrontar
consigo próprias e ser muito fortes”.
Depois, foi a vez de André Tenente, aluno do 12º ano, mostrar que o bulliyng
homofóbico existe: “O problema está na escola, nos professores e na direção das
escolas que às vezes sabem o que se passa mas não fazem nada. Eu fui vítima de
bullying”.
António Serzedelo, da associação Opus Gay, confirmou a situação, acusando
professores e direções escolares de “terem medo, vergonha ou simplesmente não
terem preparação para atuar”.
Entre os especialistas presentes também havia histórias dramáticas. A
secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Teresa Morais,
recordou o caso de um rapaz de 13 anos que ligava “repetidas vezes para a linha
do provedor da Justiça e pedia para ser institucionalizado porque era vítima na
escola e porque, em casa, também não tinha apoio da família. Foi a primeira vez
que uma criança pediu para ser institucionalizada”, lembrou.
O psiquiatra Daniel Sampaio contou a história de um aluno que numa aula
decidiu cruzar a perna e ouviu do fundo da sala um colega gritar: “Descruza as
pernas, o bichona”.
“Ninguém disse nada. Nem os colegas nem o professor condenaram a atitude”,
lamentou Daniel Sampaio, acrescentando que normalmente “as testemunhas não
intervêm porque têm medo de ser vítimas dos agressores, que desempenham um papel
importante no grupo”.
A maioria das testemunhas assiste silenciosa a estes atos. “Para modificar o
quotidiano nas escolas é preciso focar a atenção nos estudantes testemunhas”,
disse Daniel Sampaio, acusando o atual executivo de "desinvestimento" na área da
educação sexual.
Ser vítima transforma a escola num espaço de “terror”. Os jovens isolam-se,
perdem o apetite e o sono, sublinhou o psiquiatra que não tem dúvidas da
existência de “uma maior prevalência de casos de suicídio entre vítimas de
homofobia e de bulliyng”.
Este é sem dúvida um tema a debater urgentemente, trazer para a ordem do dia nas escolas e combater ferozmente o bullying homofobico da mesma maneira que se combateu o racismo.
ResponderEliminarNinguém escolhe ser homosexual da mesma maneira que ninguém escolhe nascer negro.
ACABEM URGENTEMENTE COM A HOMOFOBIA! Precisamos de uma sociedade tolerante, coesa e trabalhadora. Quantos jovens têm de ser humilhados e prejudicados no seu percurso escolar e académico pelo não controlo disto!?